À semelhança do resto do país, também em Coimbra o SNS tem vindo a ser alvo de ataques e sucessivas perdas de valências e especialidades ao longo dos últimos tempos. A fusão dos três centros hospitalares, criando o serviço megalómano do CHUC – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, veio resultar numa sobrecarga de serviços, com menos profissionais, menos meios materiais, menos valências, equipas destruturadas e encerramento de várias unidades de saúde. O resultado é o que já se esperava: filas na urgência, listas de espera insufladas, recurso a sucessivas soluções improvisadas para responder a esta sobrecarga, como sejam os contentores que vêm sendo instalados no perímetro hospitalar.
Ao mesmo tempo crescem como cogumelos vários grupos privados, tentando compensar o que fechou no serviço público, numa estratégia concertada, onde quem fica a perder são os utentes e os trabalhadores e se nega o acesso a cuidados de saúde dignos a todos.
Os comunistas do CHUC têm vindo a intervir no sentido de denunciar que a degradação dos serviços públicos está fortemente associada à degradação das condições de trabalho destes trabalhadores, com uma imensa sobrecarga de trabalho, baixos salários, parco acesso a equipamentos de protecção individual que os protejam. A falta de profissionais que já havia nos anos anteriores agravou-se com a situação actual, os internamentos estão com menos de metade dos profissionais e todos os dias são retirados para o Covid; as escalas todos os dias sofrem alterações; horários de 12 horas; férias não gozadas. Os profissionais estão esgotados; muitas vezes estão a chegar a casa e já estão a pedir para voltar outra vez porque o colega ficou doente, ficando sem qualquer tempo para estar com a sua família.
O PCP apresentou na Assembleia da República um Projecto de Resolução para a reversão do processo de fusão dos Hospitais de Coimbra integrados no CHUC, mantendo os actuais serviços e valências e recuperando os perdidos no Hospital dos Covões. A construção da Nova Maternidade nos terrenos do H. Covões é também uma prioridade, sendo hospital de referência com todas as valências para uma prestação de serviços de excelência. Estes projectos têm vindo a ser rejeitados sucessivamente.
Valorizar e defender os trabalhadores é valorizar e defender os serviços públicos. Continuaremos a lutar por serviços de saúde dignos em Coimbra, o que passa inevitavelmente por um reforço do Serviço Nacional de Saúde.
A situação da organização, quer do Partido, quer dos Trabalhadores da ex-Soporcel na Figueira da Foz, atualmente integrada no Grupo Navigator Company, é substancialmente diferente da existente no XX Congresso.
Desde então e até á data de hoje o Partido conseguiu, aproveitando a brecha que a administração abriu, devido à sua natureza predadora, exploratória e arrogante, de que, fizessem o que fizessem, os Trabalhadores não iriam reagir.
Decidiu então unilateralmente alterar as regras constitutivas do Fundo de Pensões dos Trabalhadores. A denuncia atempada levou a que o PCP tivesse uma reunião com Trabalhadores que constituídos em comissão de luta, desencadearam a maior movimentação de Trabalhadores em plenário desde a fundação da Soporcel, há mais de 30 anos na altura.
Culminou numa poderosa ação de luta que durante 4 dias paralisaram a totalidade da produção, tanto de pasta como de papel, forçando a administração a recuar nas suas intenções e obrigando a mesma a negociar com os Trabalhadores, representados na altura pela União dos Sindicatos de Coimbra e SITE-CN.
Desde então fortaleceu-se a organização dos Trabalhadores de forma determinante apesar das várias tentativas divisionistas lançadas pela administração e de gente ligada a movimentos esquerdistas.
Nesse período foi decisivo o papel do Partido através de alguns dos seus militantes no MSU (Movimento Sindical Unitário), estruturando-se e elegendo ORT’s (Organizações Representativas de Trabalhadores). A sindicalização está em níveis altos com mais de 650 sócios e, fruto do recrutamento direcionado constituiu-se uma célula do Partido, que é a peça fundamental da condução da luta, mantendo um funcionamento regular. Já editou 3 boletins e recentemente elegeu o seu responsável.
Importante o acompanhamento do Partido ao Grupo Navigator, distribuído pelos centros fabris de Figueira da Foz, Setúbal, Vila Velha de Rodão e Aveiro, quer na organização dos Trabalhadores, quer na coordenação das necessárias lutas.
Exemplo concreto a primeira greve conjunta.
Foram 4 dias, realizada entre 13 e 16 novembro de 2019, paralisando a 100% os centros fabris da Figueira da Foz, Setúbal e Vila Velha de Rodão e que teve como resultado o regresso da empresa à mesa negocial, para continuação da negociação do novo Regulamento de Carreiras, negociações essas que unilateralmente tinha rompido em outubro.
O Grupo Navigator, referência nacional quer nas exportações, quer no contributo para o PIB, com mais de 600 milhões de Euros de lucros nos últimos 3 anos, não abdicou de aderir ao Lay Off simplificado, passando para a opinião pública, via comunicação social, que os seus trabalhadores entrariam em Lay Off sem perda de vencimento. O que não disse na comunicação social é que para manter o salário por inteiro o trabalhador por cada 3 dias que esteve em Lay Off teve que usar 1 de dia de férias ou de folga…
Valorizar aqui os trabalhadores que não abdicaram dos seus dias de férias e folgas e aos quais foi subtraído 1/3 do salário enquanto estiveram em Lay Off.
Sobre o Grupo Navigator dizer ainda que apesar do recurso aos apoios para o Lay Off simplificado e depois aos apoios à retoma, anunciou recentemente a distribuição de cerca de 99 milhões de Euros aos seus acionistas.
O PCP continuará atento e ativo na defesa destes Trabalhadores.
No intervalo que decorreu desde o último congresso, a Organização Regional de Coimbra realizou a sua IX Assembleia, momento importante que demonstrou a unidade e coesão do Partido no Distrito, e permitiu o aprofundamento da análise dos problemas da região e das linhas a desenvolver para os superar. Reafirmou a necessidade de reforço do Partido e da sua intervenção e da dinamização da luta dos trabalhadores e das populações como condições decisivas para a concretização de um rumo alternativo para o distrito e para o País.
O Organismo de Direcção, com membros ligados às empresas e locais de trabalho do distrito, ao Movimento Sindical Unitário e organizações representativas dos trabalhadores, ao movimento associativo e popular e às áreas da cultura, assim como, membros do Partido ligados às organizações nos concelhos do distrito. A nova composição da DORC do PCP correspondeu também a um esforço de renovação e rejuvenescimento.
A influência política e social do Partido no país e no distrito vai muito para além da sua expressão eleitoral. Valorizando-se o papel central da intervenção unitária para o alargamento da luta de massas. O reforço do Partido numa dada empresa ou sector contribui para o fortalecimento da estrutura sindical, o mesmo se passando com os movimentos dos reformados, da paz, estudantil, de agricultores, do mundo da cultura.
Em Coimbra, o Partido tem contribuído para o objectivo do reforço da organização nas empresas e locais de trabalho. Estabelecemos como objectivo a criação de 8 células, das quais já 4 reuniram, a Célula dos Trabalhadores das Grandes Superfícies, Célula da Universidade de Coimbra, Célula do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, Célula das Escolas, tendo ainda encontrado responsáveis do acompanhamento de células ou já existentes, e que têm tido um papel importante, com na Navigator, Transdev, EDP, Hospitais da Universidade de Coimbra e Câmara de Coimbra.
No distrito a intervenção e a luta do PCP tem sido insubstituível.
Na denúncia e combate à exploração e à precariedade laboral. Acompanhando e incentivando importantes lutas dos trabalhadores do Distrito.
Na exigência da conclusão da obra hidroagrícola do Baixo Mondego e de preços justos à produção agrícola; na reivindicação de medidas de apoio à produção industrial; na exigência de apoios às vítimas dos incêndios e ao restabelecimento da capacidade produtiva das zonas afectadas; no alerta para as consequências para o comércio tradicional da abertura de grandes superfícies comerciais.
Na luta contra o encerramento, privatização e destruição de serviços públicos, hospitais, maternidades, centros de saúde, escolas e estações de correio; pela reivindicação de serviços de cuidados continuados no SNS.
Os sucessivos governos PS, PSD e CDS degradaram a capacidade dos serviços de saúde em Coimbra. A falta de investimento é transversal e levou à degradação dos cuidados de saúde primários e ao encerramento de muitas unidades de proximidade. Opções de favorecimento ao negócio privado da doença, em expansão na região de Coimbra, não estão desligadas dos sucessivos ataques levados a cabo ao SNS. A fusão dos Hospitais de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, como o PCP denunciou, resultou na degradação dos serviços, no desmantelamento de equipas multidisciplinares e na perda de valências e capacidade e na degradação de várias unidades, em particular, do Hospital dos Covões.
O PCP teve um importante papel na luta que travou a transformação da Universidade de Coimbra em fundação de direito privado. E tem um papel importante na denúncia, em particular, das consequências da degradação da democracia nas instituições, fruto do RJIES, e do alto nível de precariedade entre profissionais.
Na reivindicação persistente de transportes públicos acessíveis a todos. Afirmando a defesa da Estação Nova em Coimbra, lutando pela reabertura dos Ramais Ferroviários da Lousã e da Pampilhosa e melhoria do Ramal de Alfarelos e defendendo os SMTUC e a melhoria das acessibilidades.
Camaradas:
O PCP, Partido com um século de história, é um Partido do nosso tempo e o Partido para a construção de uma sociedade livre da exploração do Homem pelo Homem.
Como afirmou Álvaro Cunhal «O ideal comunista é para nós não só um projecto para o futuro, mas um ideal cuja concretização se prepara e desenvolve numa atitude de reflexão, de crítica, de intervenção, de luta incessante e convicta para transformar o presente».
Ao nosso Partido, diremos como Neruda: “Deste-me a fraternidade com os desconhecidos. /Juntaste a mim a força de todos os que vivem. (…) Deste-me a liberdade que não tem quem está só. (…) Fizeste-me ver a claridade do mundo e como é possível a alegria. /Fizeste-me indestrutível pois contigo não termino em mim próprio.”
Estes são tempos de agudização da raiva, do ódio de classe contra os trabalhadores e os comunistas.
Mas “eles” sabem que os comunistas não se rendem. E sabem que aqui estamos e estaremos para edificar uma sociedade sem classes, no firme e determinado propósito de construir uma terra sem amos!
“Por estarmos sempre onde está /o povo trabalhador/ pela diferença que há/ entre o ódio e o amor. /Pela certeza que dá/ o ferro que malha a dor/ pelo aço da palavra/ fúria fogo força flor/ por este arado que lavra/ um campo muito maior”, nas palavras de Ary.