Uma delegação da CDU, com Francisco Queirós, candidato à câmara municipal de Coimbra, reuniu com dirigentes sindicais com o objectivo de conhecer os problemas e reivindicações dos trabalhadores da Função Pública, mais concretamente do sector da saúde.
Continuam os obstáculos à progressão nas carreiras, que desvalorizam os trabalhadores. Apesar da criação da carreira de Técnico Auxiliar de Saúde (TAS), ainda não houve negociação sobre o modo de avaliação e não foi definido o seu conteúdo funcional, resultando em poucos avanços para os trabalhadores. Acresce que os trabalhadores inseridos na carreira de TAS perderam pontos obtidos por tempo de serviço e, caso único nas ULS nacionais, não mantiveram o acréscimo do dia de férias por decénio. Para além dos TAS, a externalização de serviços manutenção levou à desestruturação de equipas especializadas e a menor capacidade de resposta a problemas do dia a dia, que outrora eram garantidas pelo hospital.
Falta de trabalhadores no SNS, potencia sobrecarga. A desvalorização salarial e a falta de condições de trabalho tem levado muitos trabalhadores a abandonarem a profissão, aumentado o défice de trabalhadores, agravando a sobrecarga de trabalho, conduzindo a abuso do regime de trabalho extraordinário e da aglutinação de turnos, fazendo com que profissionais realizem turnos de 16 horas. O contexto de sobrecarga de trabalho nas maternidades e Coimbra, sobretudo aos fins-de-semana, tem obrigado ao recurso de profissionais de saúde de fora do distrito de Coimbra para conseguir completar as escalas necessárias.
Falta de investimento no SNS agrava a sobrecarga dos serviços. O encerramento de serviços de proximidade, a fusão dos centros hospitalares de Coimbra, com desvalorização do Hospital Geral (Hospital dos Covões), assim como o agrupamento de todos os serviços sob a Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS) tem potenciado situações de sufoco, assim como a desarticulação de serviços existentes. No caso das urgências do Hospital dos Covões é evidente esta linha de desinvestimento que, a não ser revertida, torna cada vez mais próximo o seu encerramento, o que constitui uma perda que condicionará ainda mais o acesso a serviços de saúde na região. A passagem de responsabilidades para as autarquias na área da saúde tem levado a atropelos aos direitos dos trabalhadores, a aumentar a presença de privados nos serviços e ao aumento de desigualdade entre trabalhadores.
A CDU realçou, na conversa, que estas situações são resultado das políticas para a saúde, defendida pelos sucessivos governos, que têm como objectivo central o desinvestimento e desarticulação do SNS, criando assim caminho para o florescimento do negócio da doença. A não valorização das carreiras e dos salários, a retirada de valências de hospitais, a entrega de serviços para entidades externas são expressões do caminho de desgaste do SNS, que têm como objectivo corroer o serviço público para depois o colocar em causa.